A proposta inicial de Boyhood (projeto
do diretor Richard Linklater, responsável pela trilogia “Antes do...”) já é um
ganho e tanto para o cinema, pois se trata de um filme que demorou 12 anos para
ser gravado, sendo assim todas as passagens de tempo retratadas no filme são de
fato existentes. Contando a história do garoto Mason (interpretado por Ellar
Contrane) que precisa lidar com o divórcio dos pais (Ethan Hawke e Patricia
Arquette). O longa (realmente longo, com mais de três horas de duração) é um
retrato do comum, sua história não apresenta grandes nuances e nem por isso
deixa de ser interessante, pelo contrário, a sensibilidade apresentada é tanta
que a empatia com os personagens surge do elemento mais nobre que o filme pode
apresentar: o auto reconhecimento por parte do espectador com o protagonista. Boyhood
trata-se de um filme minimalista com tremenda grandeza artística.
4. Sobre Sete Ondas Verdes Espumantes
O documentário nacional dirigido por
Bruno Polidoro e Cacá Nazario fala sobre a carreira de Caio Fernando Abreu (poeta brasileiro falecido
em 1996), não dá forma piegas e tradicional que estamos acostumados, mas da sim
de uma forma romantizada e introspectiva para dentro do universo do poeta.
Através da leitura de poemas e cartas pessoais de CFA com seus amados, o filme
narra momentos pontais da vida do mesmo sem perder sua sutileza em momento
algum. Outro ponto alto do longa é sua montagem (parte fundamental de todo
documentário, pois é este que constrói sua narrativa) onde o mesmo se atribui
de uma experimentação incisiva enquanto os convidados declamam as palavras de
Caio.
3. O lobo atrás da porta
O thriller
nacional mais empolgante dos últimos anos, tratando-se de uma “Medeia brasileira”,
o filme (dirigido por Fernando Coimbra) é uma surpresa não cronológica
extremamente positiva. Acompanhe a crítica completa aqui.
O lobo atrás da porta (still frame) |
2. Gone Girl
David Fincher é um dos diretores mais
eficientes na arte de apresentar blockbusters de forma refinada/não somática.
Tendo suspense como seu gênero favorito, seus filmes sempre apresentam uma
atmosfera densa e claustrofóbica onde nem mesmo seus protagonistas são
totalmente claros para quem o assiste. David adora adaptar livros para as telas
do cinema, porém nunca fica responsável pela adaptação de seus roteiros - em
Garota Exemplar a encarregada da vez fora Gillian Flyn, que o fez com grande
sabedoria ao construir a ambiguidade por trás dos personagens e ao momento de
apresentação de seu principal plot twist,
se assimilando com os roteiros de outros jovens no cinema mundial como Pascal
Laugier (Martyrs, 2008) e Yorgos
Lanthimos (Dente Canino, 2009) que revelam suas surpresas de forma muito
natural e contemplativa – sem grandes destaques sobre o mesmo a ponto de o
espectador ficar em dúvidas sobre a verossimilhança dos fatos apresentados até
então.
1. Mapa para as Estrelas
Em primeiro lugar fica o filme de
David Cronenberg. Mapa para as Estrelas é de longe o filme mais completo do
ano, não existe um único erro no universo dos artistas recriado no longa. Quase
de forma caricata, a complexidade dos personagens é tanta que o grande atrativo
do filme é justamente tentar compreender o que há por trás das decisões dos
mesmos. Juliane Moore é o maior destaque da obra, sua personagem é o retrato de
uma atriz acabada e que vive dos restos de sua carreira (quase uma Lindsay Lohan
pós-moderna) e apesar da mesma protagonizar momentos dramáticos, acaba por se
tornar um alívio cômico degradante – tanto que a atriz fora nomeada para Melhor
Atriz de Comédia com este papel no Globo de Ouro de 2015. Cronenberg acerta em,
mesmo se tratando de um drama palpável, manter uma miscelânea de elementos que
remetem ao de uma ficção futurística (seus cenários ricos e elementos
sobrenaturais acabam por lembrar outros grandes títulos do diretor clássicos
como Videodrome e ExistenZ). O filme conta três histórias paralelas: Agatha Weiss (Mia Wasikowska) acabou de
chegar a Los Angeles e logo conhece Jerome Fontana (Robert Pattinson), um jovem
motorista de limusine que sonha se tornar ator. Não demora muito para que ela
comece a trabalhar para Havana Segrand (Julianne Moore), uma atriz decadente
que está desesperada para conseguir o papel principal da refilmagem de um
sucesso estrelado por sua mãe, décadas atrás. Ao mesmo tempo o garoto Benjie
Weiss (Evan Bird) enfrenta problemas ao lidar com seu novo colega de elenco, já
que é a estrela principal de uma série de TV de relativo sucesso.”
Outros títulos promissores mas que ainda não estrearam no cinema mundial e/ou saíram para download:
Adeus à Lingaugem (Jean-Luc Gordard)
Birdman (Alejandro Gonzales Iñarritu)
A Gangue (Myroslav Slaboshpytskiy)
Our Sushi (Hong Sang-Soo)
Mommy (Xavier Dolan)
The Look Of Silence (Joshua Oppenheimer)
Este fora o top 10 de 2014, espero que tenha gostado e até 2015!
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